O caminho quaresmal é delicadeza de Deus para conosco e zelo amoroso de nossa Igreja para com seus filhos e filhas. Nosso olhar acompanha os passos de Cristo Sofredor, nossa mente compreende a dimensão e o alcance do amor de Deus, nossos corações são banhados pela esperança imorredoura que é a fonte inesgotável da Paixão, morte e Ressurreição de Jesus, Senhor e Salvador nosso.
A esmola, a oração e o jejum são práticas antigas, consideradas parte dos exercícios da ascese espiritual. Elas sempre foram retomadas e recomendadas pelos mestres a seus seguidores. Jesus também propõe tais exercícios, mas sugere uma prática nova para superar os desvios a que foram submetidos.
Abster-se de necessidades terrenas, a fim de descobrir necessidades espirituais. Na caminhada quaresmal, somos convidados a experienciar o Deus que acolhe nossa penitência, corrige nossos vícios, cuida de nós incansavelmente, fortifica nosso espírito fraterno, nos dá a graça de sermos nós também misericordiosos. O jejum deve servir para lembrar que nós mesmos temos controle sobre nossas vontades e basta querer para partilharmos com o outro o que temos.
É o amor que se faz partilha e doação. A caridade não pode ser mera doação de notas ou moedas, mas uma reaproximação com o outro, o toque das mãos, o olhar nos olhos, o comprometimento com sua existência sofrida. Assim, ampliamos a visão sobre dimensão social ao pensar a questão da esmola, e essa pode ser uma pista para descobrir o que fazer com a graça de Deus que jorra do Senhor em nós.
Orar, para saber renunciar à idolatria e à autossuficiência do nosso eu e para nos declararmos necessitados do Senhor e da sua misericórdia. A oração não deve ser um tempo “gasto” com Deus, mas um tempo frutuoso na proximidade com o Senhor, que se faz, antes, no encontro com nós mesmos, na escuta dos barulhos que ecoam em nosso interior, e depois nos compromete com seu projeto de serviço e doação em favor do outro.
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