A liturgia da Igreja é cheia de riqueza e sentido. Seus ritos nos levam à experiência com um Deus vivo, que cuida de cada um de seus filhos como uma mãe a cuidar do fruto de seu ventre. Os sacramentos da nossa fé nos inserem nesse mistério do amor de Deus, em uma caminhada rumo à vontade do Pai: a santidade.
Com o objetivo de formar a consciência dos cristãos e ajudá-los a compreender melhor os sacramentos, o teólogo italiano Andrea Grillo, lançou o livro Ritos que educam: Os sete sacramentos. Acompanhe aqui um pouco da riqueza que você pode encontrar nesta obra.
Os sacramentos que fazem a iniciação cristã
Ao longo da história da Igreja, muito se discutiu sobre os sacramentos que fazem parte da iniciação cristã, sobretudo, com base na necessidade da “conversão pastoral”, com o intuito de ressignificar o que fizeram as gerações passadas. Quem procura caminhar pela via dos sacramentos encontra nela uma força que conduz à santidade.
De acordo com o autor, os sacramentos que fazem a iniciação cristã são acompanhados pela mediação ritual, realizada pela catequese que traz ao indivíduo a verdadeira identidade cristã. Esta identidade, por sua vez, se inicia no Batismo, cresce através da preparação e realização da primeira comunhão e se consolida no Crisma.
O sacramento do Crisma
A Crisma é a confirmação do Batismo – ação do Espírito Santo recebido nas águas – e vem como um “selo”, através da imposição das mãos episcopais e da unção com o óleo do crisma. “A Confirmação é complemento do Batismo de adultos, porque a ele segue imediatamente, como plena inserção na Igreja, como envio e vigor do testemunho”, afirma Grillo ao distinguir o Batismo de adultos e crianças. Com o passar dos anos, a Reforma Litúrgica apresentou-se com uma forte recuperação da íntima conexão do Crisma com a “iniciação cristã”, além de, excluir algumas incompreensões sobre os sacramentos de iniciação cristã. Atualmente, a Igreja contemporânea vem trabalhando mudanças estruturais necessárias, sem perder os valores intrínsecos ao Evangelho.
As lógicas elementares da Eucaristia
A Eucaristia é, por excelência, o sacramento da comunhão. De acordo com o autor, Andrea Grillo, atualmente, há uma enorme perda de significados da Eucaristia por parte de seus frequentadores. Muitos podem ser definidos como “espectadores”, apesar de sua devoção e piedade. Segundo ele, é preciso entender o que acontece naquele momento e certificar-se de que ele é mais do que simbologia, mas é de fato, comunhão e acolhida.
A culpa e a reconciliação
Qual é o sentido da penitência cristã e o seu impacto sobre a “educação ritual”? Essas são perguntas que poderão ser respondidas diante da misericórdia de Deus. De acordo com o autor, “o dom da misericórdia é o mistério originário, que na cruz, Deus comunicou definitivamente em Jesus Cristo a todos”. É aí que o sacramento da Reconciliação exerce um grande papel: trazer de volta o pecador para a graça de Deus. Para que haja a reconciliação e, consequentemente – a remissão da nossa culpa – o sacramento da Penitência exerce o papel de mediação da paz de Deus ao homem e do homem com a Igreja. É este sacramento que reconduz o homem à graça da vida batismal.
Sobre a enfermidade e o moribundo
Hoje, a sociedade fala muito da qualidade de vida, da busca pelo bem-estar e pela autossatisfação, mas pouco se ouve falar a respeito da qualidade da morte. Andrea faz uma crítica ao pensamento de que a morte passou a entrar na vida da sociedade mais “por engano” e “por erro”, do que por consequências naturais da trajetória humana. Também não podemos esquecer dos irmãos moribundos, tomados por graves enfermidades. Eles merecem respeito e cuidados. A eles são destinados a Unção dos Enfermos e o Viático. A visita aos enfermos é uma obra de misericórdia corporal e a administração destes dois sacramentos aos moribundos é um ato de consolo aos aflitos.
Conheça as obras de misericórdia corporal
Servir a Igreja presidindo os ritos
É o sacramento da Ordem que traz aos sacerdotes a graça de ministrarem outros sacramentos. É nele que, “in persona Christi”, ou seja, o próprio Cristo age. Em um ato livre, o sacerdote acolheu o chamado de Deus para “trabalhar” o seu ofício sacramental. Mas, conforme relata Andrea Grillo, há uma grande tentação que tende, muitas vezes, a limitar a ação pastoral dos sacerdotes: o “tempo”. Por causa do tempo, muitos tendem a se limitar a trabalhar apenas em horário de expediente, esquecendo que o povo é a sua missão. É dele a responsabilidade do pastoreio, da condução do rebanho para Deus. O tempo deve ser repleto de louvor e de ação de graças.
A família diante de Deus
O sacramento do Matrimônio tem a bênção de Deus. Esta bênção não é contrária ao compromisso do consentimento civil, mas representa um bem da iniciativa de Deus pela união dos nubentes. Esses, com sua graça, escolhem sair do solteirismo para a comunhão total de vida, que exprime a convivência. É na família onde a pessoa é iniciada e gerada. É nela que acontece a cura das feridas de diferentes naturezas, humanas e espirituais e se aprende a amar, perdoar e testemunhar o Ressuscitado em um discipulado acolhedor.
Assim deve ser a Igreja, o lugar de “comunhão entre não parentes que, em Cristo, podem ousar se dizer filhos do mesmo Pai e, por isso, irmãos”, relata o escritor italiano.
Saiba mais sobre o livro Ritos que educam: Os sete sacramentos.
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